Após a chegada do nazismo ao poder em 1933, Hitler estabeleceu o Ministério do Reich para Esclarecimento Popular e Propaganda, encabeçado por Joseph Goebbels. O objetivo do Ministério era garantir que a mensagem nazista fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa.
Existiam várias audiências para receber e assumir as propagandas nazistas. Os alemães eram constantemente relembrados de suas lutas contra inimigos estrangeiros, e de uma pretensa subversão judaica. No período que antecedeu a criação das medidas executivas e leis contra os judeus, as campanhas de propaganda criaram uma atmosfera tolerante para com os atos de violência contra os judeus, particularmente em 1935, antes das Leis Raciais de Nuremberg, e em 1938, após a Kristallnacht, quando do fluxo constante de legislação antissemita sobre os judeus na economia. A propaganda também incentivou a passividade e a aceitação das medidas iminentes contra os judeus, uma vez que o governo nazista interferia e "restabelecia a ordem" (derrubada pela derrota alemã na 1ª Guerra Mundial).
A propaganda nazista também preparava o povo para uma guerra, insistindo em uma perseguição, real ou imaginária, contra as populações étnicas alemãs que viviam em países do leste europeu em antigos territórios germânicos conquistados após a Primeira Guerra Mundial. Estas propagandas procuravam gerar lealdade política e uma “consciência racial” entre as populações de etnia alemã que viviam no leste europeu, em especial Polônia e Tchecoslováquia. Outro objetivo da propaganda nazista era o de mostrar a uma audiência internacional, em especial as grandes potências europeias, que a Alemanha estava fazendo demandas justas e compreensíveis sobre suas demandas territoriais.
Após a Alemanha ter quebrado o Pacto Ribentrof, que havia assinado, e invadido a União Soviética, a propaganda nazista passou a dirigir-se aos civis dentro do estado alemão, e aos soldados e policiais alemães que serviam nos territórios ocupados, bem como a seus auxiliares não-alemães, inventando um elo entre o comunismo soviético e o judaísmo europeu, e apresentando a Alemanha como defensora da cultura "ocidental" contra a ameaça "Bolchevique". Esta propaganda também mostrava uma imagem apocalíptica do que aconteceria caso os soviéticos ganhassem a Guerra e foi aumentada após a derrota catastrófica da Alemanha em Stalingrado, Rússia, em fevereiro de 1943. Este enredo serviu como instrumento para persuadir os alemães, nazistas ou não, além de colaboracionistas estrangeiros, a lutarem até o final.
O cinema, em particular, teve um papel importante na disseminação das ideias do antissemitismo racial, da superioridade do poder militar alemão e da essência malévola de seus inimigos, como eram definidos pela ideologia nazista. Os filmes nazistas retratavam os judeus como seres "sub-humanos" que se infiltraram na sociedade ariana; em 1940, por exemplo, o filme de 1940, “O Eterno”, dirigido por Fritz Hippler, que retratava os judeus como parasitas culturais ambulantes, consumidos pelo sexo e pelo amor ao dinheiro. Alguns filmes, como “O Triunfo da Vontade”, de 1935, de Leni Riefenstahl, exaltava Hitler e o movimento Nacional Socialista. Duas outras obras de Leni, “O Festival das Nações” e “Festa da Beleza” (1938), mostraram os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, promovendo o orgulho nacional com o sucesso do regime nazista naqueles Jogos.
Link para assistir “O Triunfo da Vontade”:
Durante a implementação da chamada Solução Final, i.e., o extermínio em massa de judeus, os soldados das SS nos campos de extermínio forçavam suas vítimas a apresentar uma fachada de normalidade em ocasiões em que vinham visitas ou em que tiravam fotos e filmavam os campos, chegando ao ponto de obrigar os que iam para as câmaras de gás a enviar cartões-postais para amigos e parentes dizendo que estavam sendo bem tratados e que viviam em excelentes condições, criando assim a fachada de tranquilidade necessária para deportá-los da Alemanha, e dos países por ela ocupados, da forma menos tumultuada possível. As autoridades dos campos usavam a propaganda para acobertar as atrocidades e o extermínio em massa que praticavam.
Em junho de 1944, a Polícia de Segurança alemã permitiu que uma equipe da Cruz Vermelha Internacional inspecionasse o campo-gueto de Theresienstadt, localizado no Protetorado de Boêmia e Moravia (hoje República Tcheca). As SS e a policia estabeleceram Theresienstadt, em novembro de 1941, como um instrumento de propaganda para consumo doméstico no Reich alemão. O campo-gueto era usado como uma explicação para os alemães que ficavam intrigados com a deportação de judeus alemães e austríacos de idade avançada, de veteranos de guerra incapacitados, ou artistas e músicos locais famosos para "trabalharem" "no leste".
Na preparação para a visita de 1944, o gueto passou por um processo de "embelezamento". Depois da inspeção, as autoridades das SS no Protetorado produziram um filme usando os residentes do gueto para demonstrar o tratamento benevolente, que os "moradores" judeus de Theresienstadt recebiam. Quando o filme foi finalizado, as autoridades das SS deportaram a maioria do "elenco" para o campo de extermínio Auschwitz-Birkenau.
O regime nazista até o final utilizou a propaganda de forma efetiva para mobilizar a população alemã no apoio à sua guerra de conquistas. A propaganda era também essencial para dar a motivação àqueles que executavam os extermínios em massa de judeus e de outras vítimas do regime nazista. Também serviu para assegurar o consentimento de milhões de pessoas a permanecerem como espectadoras frente à perseguição racial e ao extermínio em massa de que eram testemunhas indiretas.
Além disso, Hitler também se utilizou do Cristianismo para construir sua imagem de líder salvador, era comum ver panfletos que faziam alusão à imagem de Jesus. Como por exemplo, temos o panfleto que mostra o jovem Hitler pregando para seus discípulos, com o sugestivo título “No princípio era o verbo”.
Outro panfleto faz alusão ao batismo de Jesus, onde a águia nazista desce dos céus sobre Hitler.
O Estado se apoderou de todos os meios de comunicação (rádio, impressos e cinema). Era incentivada a distribuição de aparelhos de rádio e promovia-se a doação ou vendas a preço reduzido. O ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels obrigou a estabelecimentos como restaurantes, e lugares públicos a possuir um aparelho de rádio. Durante o período de trabalho sempre se fazia necessário ouvir os discursos de seu nobre líder.
Referências
Enciclopédia do Holocausto. A Propaganda Política Nazista. Disponível em:
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005202.
Acessado em março de 2013.
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